"Então, disse Judá: Já desfaleceram as forças dos carregadores, e os escombros são muitos; de maneira que não podemos edificar o muro." Neemias 4:10

O meio do caminho é sempre o maior desafio em nossos esforços de conquista. Normalmente, começar uma caminhada não é problema para nós. Também dar os últimos passos num projeto costuma ser muito motivante. Entretanto, quando estamos no meio de um longo processo, quando olhamos para trás e vemos o quanto já investimos e olhamos para frente e nos damos conta de que ainda falta muito para terminar, então precisamos de uma dose extra (às vezes, sobrenatural) de ânimo e perseverança.

O capítulo 4 de Neemias é um manual que nos ensina a lidar com a "síndrome do desânimo". A princípio, o texto diz que "todo o muro se fechou até a metade de sua altura; porque o povo tinha ânimo para trabalhar" (vs. 6). Ou seja, a equipe liderada por Neemias obteve êxito na restauração dos muros de Jerusalém até chegar ao meio do caminho, pois havia motivação e força. Entretanto, a partir daí uma série de fatores se somaram para roubar-lhe o vigor e impedi-los de avançar.

Claro que os inimigos estavam por trás de tudo, criando ou fomentando argumentos para que a obra parasse. Diz a Bíblia que eles, "ouvindo que a reparação dos muros de Jerusalém ia avante e que já se começavam a fechar-lhe as brechas, ficaram sobremodo irados. Ajuntaram-se todos de comum acordo para virem atacar Jerusalém e suscitar confusão ali" (vs. 7-8).

1ª) arma (argumentação) que usaram foi contaminar a linguagem profética da liderança, representada no caso pela tribo de Judá (profeticamente escolhida por Deus para reinar, para liderar). Está escrito que as palavras de Judá foram: "não podemos edificar o muro" (vs. 10).

Satanás sempre alcança vantagem quando a liderança apresenta um discurso negativo. Muitas vezes os líderes se deixam comandar pela alma e não pela visão, e assim abrem brechas sobre todo o povo. Claro que há sempre argumentos lógicos para isto. No caso de Neemias, a conclusão de que a obra não poderia prosseguir advinha de dois fatos: "Já desfaleceram as forças dos carregadores, e os escombros são muitos..." (vs. 10). 1)Havia cansaço (natural, pois haviam trabalhado intensamente por longo tempo) 2) havia muita coisa velha a ser removida.

Vencer o cansaço é um desafio sobrenatural. Somente a unção pode quebrar o jugo. Somente a alegria do Senhor pode renovar a nossa força. Se nos movermos no natural, a extenuação nos paralisará. Isso porque uma grande obra requer sempre um grande esforço. Seja no trabalho ministerial, na multiplicação de células, na formação de vidas, seja nos desafios pessoais, na conquista de uma estabilidade financeira ou familiar, não é possível obter resultados excelentes sem uma forte e intensa dedicação. Ora, o resultado disso na nossa carne é cansaço.

Entretanto, precisamos aprender a entrar no descanso de Deus, a nos fortalecer no Senhor e na força do seu poder. Não é exatamente de férias que precisamos (parar com a obra), mas de mergulhar em Deus. Ele é refrigério verdadeiro e disponível

2º) argumento de desânimo na vida do povo de Neemias eram os escombros. Eles são um grande desafio à nossa fé. Construir algo novo costuma ser motivante, mas tratar com velharia é desanimador. Acontece que não podemos fazer a obra de Deus sem remover o que não presta. Isso funciona tanto a nível da nossa edificação pessoal, quanto naquilo que desenvolvemos externamente. Consolidar e discipular pessoas não é possível sem remover as coisas velhas e, tenho que admitir, isso é muito desgastante. Restaurar um casamento, por exemplo, sem tratar do passado é pura ilusão. Portanto, precisamos olhar para os entulhos como parte da obra e não como empecilho para que ela avance.
3º) argumento Uma outra arma usada pelos inimigos de Jerusalém foi a linguagem misturada dos que viviam na periferia. Veja o que diz a Escritura: "os judeus que habitavam na vizinhança deles (dos inimigos), dez vezes, nos disseram: De todos os lugares onde moram, subirão contra nós" (vs. 12). Perceba que havia gente que era do Senhor, mas vivia fronteiriça aos adversários. Estes crentes estavam sempre dando ouvidos ao que diziam os opositores e assim funcionavam, mesmo sem perceber, como porta-vozes do inferno no meio da congregação, minando as forças e a fé.

O que Neemias fez diante do desânimo advindo destas coisas foi suscitar o brio do povo, exortar os líderes, levantar vigilância e trazer as pessoas mais para perto umas das outras (unidade). Ao invés de se deixar contaminar, este grande líder simplesmente proclamou: "Não há tempo para desanimar... Mãos à obra!!!" E o muro voltou a avançar...

Pr Marcos Barros