Pra não terminar em Babel
"Disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra." - Gênesis 11:4
Estamos vivendo dias decisivos. Num momento em que propostas divergentes se revelam, é muito importante tomarmos decisões baseados em princípios e não em paixões e apego a personalidades ou estruturas.
Há dois modelos básicos de edificação revelados na Bíblia de Gênesis a Apocalipse. Um é o modelo equivocado que começa em Babel e termina na Grande Babilônia. O outro é o modelo divino prefigurado em Jerusalém e que tem o seu ápice na revelação da Nova Jerusalém.
Babel e a Nova Jerusalém são figuras proféticas de dois tipos de igreja, de visão, de ministério. Os princípios e motivações com os quais edificamos determinam que modelo estaremos seguindo.
Quero aqui mostrar as discrepâncias entre esses dois modelos para que a maravilhosa visão que recebemos do Senhor não seja reduzida a uma terrível confusão.
Em primeiro lugar, Babel é uma iniciativa e realização do homem. Ela centraliza o poder em mãos humanas. Enquanto a Nova Jerusalém "desce do céu, da parte de Deus" (Ap 21...), Babel é concebida e sustentada pela capacidade dos homens. "Disseram: vinde e edifiquemos uma cidade e uma torre..."(Gn.11:4). Perceba que Deus não foi consultado, sequer convidado para participar da reunião. Simplesmente as decisões foram tomadas ao nível da terra. Os homens decidiram fazer e fizeram.
Toda vez que tomamos o controle da obra de Deus e nos sentimos absolutos o suficiente para resolver, estamos seguindo um princípio babilônico (o Império Babilônico se estabeleceu sobre as bases de Babel). E quanto mais centralizador e absoluto for o líder, mais evidente fica esta postura de arrogância. O pior é que na maioria das vezes isso se introduz sutilmente, aos poucos. São homens e ministérios que começam em Jerusalém, mas vão se tornando poderosos e experientes o suficiente para dispensar o Espírito Santo. Não foi isso o que aconteceu com a igreja de Laodicéia (Ap 3:14-20)? Sentindo-se rica e poderosa, colocou Jesus do lado de fora, a ponto dele dizer: "Eis que estou à porta e bato..."
A segunda grande marca de Babel é o sentimento de propriedade. As palavras de seus idealizadores eram: "façamos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus". Note que Babel tem dono, sua edificação tem o propósito de satisfazer seus supostos proprietários. Que terrível contraste com a Jerusalém celestial que "desce do céu adornada como noiva ataviada para o seu esposo" (Ap 21:2)!
Fico perplexo ao ver como os homens repetem a história sem apreender com os erros do passado. Quantas vezes teremos que ver esse filme? Ou nos tornaremos protagonistas da mais nova versão? O roteiro é mais ou menos o seguinte: Deus começa um mover em algum lugar. Aquilo é tão maravilhoso e genuíno que atrai gente de todas as partes. Ele então se espalha e passa a ser um movimento, uma visão influenciando outros rincões. É neste ponto que a história toma contornos dramáticos. Os "agraciados" que viram o mover nascer, com medo de perdê-lo, resolvem assumir sua propriedade e tutela, reivindicam para si o direito de legislar sobre ele, quase sempre delineando regras e métodos inflexíveis. Sem perceber, estão embalsamando aquilo que era tão vivo e espiritual. Na maioria das vezes o fazem na intenção de proteger a visão, de impedir que se corrompa, mas na verdade a estão sufocando, bloqueando os canais de vida do Espírito (porque este só está onde há liberdade) e armando a cena para que o tremendo movimento se torne um obsoleto monumento.
Não foi assim que nasceram muitas denominações, das quais não poucas hoje são museus embolorados de um genuíno mover do passado? E porque o mover não perdurou? Por que se tornou propriedade de um grupo particular, que o reduziu a regras e métodos engessados.
Tratar uma visão de Deus como propriedade nossa é talvez um dos pecados mais sutis e terríveis que podemos cometer. Um dia os discípulos de Jesus chegaram relatando uma atitude muito zelosa que tinham tomado: "Mestre, vimos certo homem que, em teu nome, expelia demônios e lho proibimos, porque não segue conosco" (Lc 9:49). Certamente eles esperavam uma palavra de elogio do Senhor por tamanho cuidado em manter a visão sob controle, mas ao invés disso, receberam uma repreensão: "Não proibais; pois quem não é contra vós outros é por vós" (Lc 9:50). Moisés também reagiu da mesma forma quando seu sincero (porém, inexperiente) discípulo Josué lhe pediu que proibisse dois homens de profetizar porque eles não haviam comparecido à reunião "oficial" onde líderes estavam sendo reconhecidos. A resposta de Moisés foi contundente: "Tens tu ciúmes por mim? Tomara todo o povo do SENHOR fosse profeta, que o SENHOR lhes desse o seu Espírito!" (Nm 11:29).
Hoje precisamos decidir quem vai controlar a visão. Nós? Cesar Castellanos? Renê Terra Nova? Ou seria melhor deixar que o Espírito Santo determinasse seus rumos, deixando aos homens apenas o papel de serem referência e modelo da obra e não senhores dela?
A terceira grande mancada de Babel é a supervalorização de um nome que não seja o do Senhor Jesus. "Tornemos célebre o nosso nome" é uma motivação de seus edificadores, ainda que velada ou ignorada pelos mesmos. Paulo proclamava: "Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo" (Gl 6:14). Nós, porém, insistimos em levantar placas e personalidades, reivindicando fama e reconhecimento para elas.
Qual será a marca que vamos registrar e pela qual vamos lutar até torná-la célebre? SERIA A MARANATHA
? Rede disso ou daquilo? "Reverendo" (ou "apóstolo", ou "pastor", ou "semideus"...)
(ou outro mais digno)? Desculpe-me , mas até a atual obsessão da igreja brasileira por dar títulos a pessoas (quando na Bíblia não encontramos uma única vez um título desses precedendo o nome de quem quer que seja), revela como estamos intoxicados pelo modelo babilônico. Parece que é necessário levantar astros ou marcas e dar-lhes notoriedade a todo custo... Penso que com tudo isso estamos nos afastando do modelo de Deus (digo, nós, a igreja brasileira). Da Nova Jerusalém, figura da igreja/visão que o Senhor sonhou, está escrito: "A cidade não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada. As nações andarão mediante a sua luz, e os reis da terra lhe trazem a sua glória" (Ap 21:23-24). Parece que ali os astros são dispensáveis...
Obviamente não estou propondo derrubar as placas, tratar todo mundo como se estivesse no mesmo nível de autoridade na igreja, não denominar as estruturas que usamos. Já passei desta fase há muito tempo quando descobri que o problema não está nas placas, nos títulos ou nas denominações, mas no valor que damos a tudo isto. O que quero dizer é: se temos algum nome que não seja "O Nome" a tornar célebre, migramos de Jerusalém para Babel.
A última característica da igreja-visão-babilônia que preciso relevar é sua apologia pelo exclusivismo, pelo fechamento, pelo sectarismo. Enquanto a Nova Jerusalém tem portas que "nunca jamais se fecham" (Ap 21:25), os edificadores de Babel constroem sua cidade com um intento: "para que não sejamos espalhados por toda a terra". Isso me preocupa muito. A tentativa de manter o controle, de estabelecer unidade em torno de uma estrutura, com o propósito de reter, de não espalhar sempre terminará em confusão. Essa suposta unidade é puro sectarismo, pois significa aceitação para quem engole todas as minhas regras, mas rejeição para quem tem outra luz. Sua proposta - do tipo "todos ao redor de mim" - já está manjada na História, nunca deu certo e nunca dará, até porque Deus um dia desce para ver a obra dos homens e, não se agradando, libera um espírito de divisão para que a egocêntrica unidade de Babel não se torne uma afronta maior à sua soberania e à sua multiforme sabedoria.
Estas coisas, MENCIONADA não é para que você esteja julgando os outros ou a obra dos outros, mas para que você reavalie as bases e motivações sobre as quais está edificando a visão e, se chegar à conclusão que está emprestando sua vida para levantar um modelo fadado ao fracasso (seja uma "Babelzinha" ou uma "Babelzona"), arrependa-se e volte a Jerusalém. Esta é a única obra que permanecerá para sempre! PORQUE NA VERDADE O ÚNICO NOME A QUAL PRECISAMOS PROJETAR É O DE CRISTO JESUS, AUTOR E CONSUMADOR DANOSSA FÉ; AMEM,e porque precisamos uns dos outros , a vontade de DEUS é que amemos uns aos outros e ajudemos uns aos outros, " um ao outro ajudou e ao seu companheiro disse esforça-te"Is 41:06" e "OH quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união.." Salmos 133.