Vigiando contra Apatia
Estudo de Célula da 3ª Semana de Dezembro de 2018
Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor. - I Coríntios 15:58
A apatia é uma enfermidade da alma que tem destruído muitos servos de Deus. Quando não apresentamos reação, seja diante das oportunidades que o Senhor nos dá, seja diante dos ataques de Satanás ou das responsabilidades que temos no Reino, estamos correndo um sério risco de morrer espiritualmente.
As palavras de Paulo aos coríntios podem resumir o que Deus espera de seus filhos: que sejamos “firmes”, “constantes” e “sempre abundantes”! Perceba inclusive a redundância desses termos. Eles enfatizam a necessidade de que não permitamos nenhum tipo de esmorecimento em nossa caminhada cristã e ministério (Paulo refere-se ao nosso “trabalho no Senhor”) e deixam claro que isso não é uma tarefa de Deus em nossa vida, mas algo que nos compete. Paulo não está orando para que o Senhor produza isso na alma da igreja, mas está exortando a igreja para que ela mesma se posicione e mantenha o pique, por uma decisão.
Quando um homem de Deus começa a ser anestesiado pela apatia, alguns sintomas podem ser logo percebidos. Vou tomar um caso clássico da Bíblia para mostra isso. Leia I Reis 19:1-18. Esse texto relata o período em que o profeta Elias foi quase tragado pelo desânimo. Após ter promovido e vivido um verdadeiro avivamento em Israel, este homem entrou numa letargia que quase acaba com seu ministério e até com sua própria vida.
O primeiro grande sinal dessa enfermidade é a falta de reação ante às afrontas do reino das trevas. Elias era um homem intrépido, que não se curvava quando se via sob pressão demoníaca. Sua atitude bélica em relação aos poderes satânicos lhe rendera inclusive adjetivos como “o perturbador de Israel”, dado por Acabe em resposta aos constantes confrontos que ele provocava, por estar o rei envolvido com feitiçaria (veja I Rs 18:17).
O ápice da intrepidez de Elias se deu no dia em que ele desafiou publicamente os oitocentos e cinqüenta feiticeiros que recebiam subvenção real para fazerem suas abominações. Diante de uma multidão, esse homem não apenas enfrentou aquela corja de encantadores, como os demônios que os respaldavam e venceu, fazendo cair fogo do céu por sua oração.
Entretanto, num dado momento após a grande vitória, Elias foi fisgado pelo desânimo e aceitou passivamente as ameaças de Jezabel, que agora prometia tirar-lhe a vida. Assim, aquele que antes enfrentara centenas de falsos profetas e demônios, curva-se diante da boca mentirosa de uma mulher e da potestade que está sobre ela (leia I Rs 19:1-2).
O segundo sintoma da apatia é uma manifestação de irresponsabilidade na vida daquele que por ela é envenenado. Elias era um homem de Deus e seu ministério não estava encerrado. O Senhor ainda esperava que ele ungisse reis e levantasse um profeta para sua sucessão (veja I Rs 19:15-18). Entretanto, o desânimo o fez deixar tudo e agir como se não tivesse que prestar contas de seu trabalho ao Senhor.
Assim tem sucedido com muitos em nossos dias. São chamados por Deus, recebem sobre si um manto e uma responsabilidade ministerial, mas de uma hora para outra passam a agir como se nada estivesse sobre seus ombros e deixam de cumprir sua missão (ou o fazem em “marcha lenta”, levianamente, como se a obra de Deus fosse uma atividade qualquer). E o pior é que, muitas vezes sem saber, estão abrindo brechas para a maldição, pois a Bíblia sentencia: “Maldito aquele que faz a obra do Senhor relaxadamente” (Jr 48:10).
O terceiro sintoma da apatia (e, a meu ver, o mais grave) é que a pessoa não reage adequadamente aos estímulos de Deus. Ao entregar-se a esta crise, Elias passou a ser absolutamente frio em momentos de intensa visitação divina. Se não, vejamos: fugindo só para o deserto, este homem deitou-se debaixo de um arbusto e dormiu. Então um anjo o visitou e lhe preparou um alimento celestial. Sabe o que ele fez? Nada! Simplesmente, comeu e voltou a dormir, ignorando aquela tremenda visitação (conf. I Rs 19:5-6). Depois, já tendo se encavernado em Horebe, o Senhor manda vento, terremoto e fogo, mas nada é suficiente para despertá-lo e tirá-lo do “buraco negro” de sua alma. Porque? Por que, a esta altura, a anestesia do desânimo já havia lhe roubado quase que completamente o melhor da vida, ou seja, a capacidade de sentir e vibrar com a presença de Deus.
Não sei como você está neste momento de sua vida. O que sei é que estamos sendo visitados intensamente pelo Senhor, sua obra não pode esperar e há hostes infernais a serem vencidas. Levantar-se e desfrutar desse tempo, produzindo frutos para Deus, não é uma opção, mas uma imposição para os que querem viver. Sim, porque o desânimo mata até mesmo grandes profetas. Como? É só entregar-se e deixar que ele faça o resto...